Email:

contato@sbmi.org.br

Atendimento:

+55 11 97697-1522

Osteopatia

A osteopatia foi criada pelo médico e cirurgião americano Andrew Taylor Still, que buscava uma terapia que não dependesse de medicamentos e tratamentos invasivos, fazendo uso de uma metodologia e filosofia próprias (Chaytow, 1990). Tal iniciativa ocorreu por Taylor achar que a abordagem clínica utilizada na época aos pacientes era inadequada, o que foi reforçado por uma série de tragédias pessoais, com a morte de 4 filhos e esposa por patologias diversas (Tan, Zia, 2007).

Nesta terapia, é utilizada uma manipulação precisa e sofisticada, adotando o conceito de medicina da “pessoa como um todo”, considerando o sistema muscular, ósseo e articular (principalmente a coluna) como um reflexo das doenças e parcialmente responsável pelo início de processos patológicos (Chaytow, 1990). A metodologia é não-farmacológica, não-invasiva, em que o terapeuta osteopata aplica movimentos manuais como tratamento (Cerritelli et al., 2017).

Como abordagem do campo de especialidades da fisioterapia, objetiva corrigir ou minimizar os efeitos nocivos de uma disfunção somática ao corpo. A disfunção somática é caracterizada por alterações dos impulsos neurológicos e das funções correspondentes, relacionadas às estruturas anatômicas musculares, arteriovenosa, articular, visceral e pele. Portanto, as disfunções somáticas acontecem nas relações dos níveis medulares com os tecidos e órgãos inervados pelos mesmos. A osteopatia analisa os sinais e sintomas dos pacientes, correlacionando-os com a anatomia e a fisiologia, observando os indivíduos como uma unidade corporal (Ferreira, 2015).

A Osteopatia tem como base quatro princípios, que direcionam os estudos de quem se forma na área, que em uma perspectiva mais moderna, podem ser descritos como “a estrutura e são reciprocamente interrelacionadas”, “o corpo é unitário”, “o corpo apresenta mecanismos autorregulatórios”, e “os fluidos têm um papel importante na manutenção da saúde” (Coton, 2012). A alteração destes princípios em sua fisiologia, induz processos inflamatórios crônicos e aumento de mediadores químicos sanguíneos (Ferreira, 2015).

A justificativa para a manipulação osteopática é baseada na teoria de que a estrutura e a função do corpo estão intimamente relacionadas e que a disfunção somática ocorre quando as estruturas neurológicas, musculoesqueléticas, circulatórias e viscerais não estão funcionando adequadamente (Smith et al., 2019). A técnica apresenta evidências com resultados positivos para dor lombar aguda e crônica e dores no pescoço (Smith et al., 2019).

Algumas linhas de pesquisa têm estudado a aplicação do tratamento osteopático para outras patologias, como enxaqueca, desordens pediátricas (paralisia cerebral, condições respiratórias, otite, cólicas, hiperatividade, entre outras) (Smith et al., 2019), entretanto, são necessários mais estudos para determinação de eficácia e segurança nestes casos.

No país, são desenvolvidas pesquisas nesta temática no Centro Universitário Presidente Tancredo de Almeida Neves (UNIPTAN) – São João del-Rei – Minas Gerais, com estudos envolvendo dores lombares (Rodrigues et al., 2021). Na UNESP de São José dos Campos, a aplicação de intervenções osteopráticas foi aplicada para controle de disfunção temporomandibular, com melhora estatisticamente significante da dor (Ferreira, 2015). Na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ), Leal em 2019 verificou que o tratamento osteopático em pacientes com dor crônica apresentou mudanças significativas na qualidade de vida dos pacientes participantes do estudo.

Além de pesquisas científicas acerva do tema, como exemplos anteriormente citados, no Brasil a Osteopatia é uma prática em saúde integrativa reconhecida pelo Ministério da Saúde e ofertada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), presente nas Políticas Nacionais de Práticas Integrativas e Complementares de Saúde (PNPICs). Citando alguns exemplos de atendimento no SUS, em Recife, pacientes são atendidos nos grupos terapêuticos Saúde da Coluna e Saúde da voz nas Unidades de Cuidados Integrativos e nos Núcleos de Apoio às Práticas Integrativas, em que a demanda de osteopatia é criada por meio da oferta do programa Saúde da Coluna com suporte do osteopata através de sessões individuais de realinhamento com os participantes (Barreto, 2014).

No Estado de São Paulo, estão disponíveis centros de atendimento gratuito. Na Prefeitura de Campinas, foi criado serviço de atendimento em Osteopatia do Esporte, com atendimento por alunos da Escola de Osteopatia Brasil-Madri (EOM). Em São José do Rio Preto, uma parceria entre a  Escola de Osteopatia Brasileira (EBRAFIM) uma das maiores clínicas de Fisioterapia Osteopática de São José do Rio Peto/SP, o CEFIS e a Secretaria Municipal de Saúde permite aos pacientes de uma das unidades de atendimento de Fisioterapia da cidade receber atendimentos de Osteopatia gratuitos, por alunos da EBRAFIM, supervisionados por professores da escola e profissionais do CEFIS, com agendamento equipe de Fisioterapeutas da unidade de saúde municipal (EBRAFIM, 2018).

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Florianópolis disponibilizou em três centros de Saúde com capacitação de profissionais das equipes de atendimento, ente eles, médicos, enfermeiros, psicólogo, agentes comunitários, educadores físicos e residentes. O curso ministrado tinha carga horária de 32h, para conhecimento da técnica e imbuir nos profissionais uma postura relacional humanizada com base no cuidado, que apresentou retorno positivo e satisfação dos pacientes atendidos (Schneider, Tesser, 2021).

A Osteopatia é reconhecida como uma especialidade da Fisioterapia e da Medicina no país, sendo que a formação do fisioterapeuta osteopata ocorre após a graduação em Fisioterapia e finalização de curso de especialização. Ao Médico, após a graduação, cursos de formação são disponibilizados. Em 2001, o Conselho Federal de Fisioterapia reconheceu a Osteopatia como especialidade do profissional Fisioterapeuta (Resolução Nº. 220, 2001). O Profissional especialista em Osteopatia passa por especialização após término do curso de graduação em Fisioterapia, com 3 anos de duração.

A AOB (Associação dos Osteopatas do Brasil) é a entidade representativa dos Especialistas em Osteopatia no Brasil, sendo responsável pela avaliação e emissão do título de especialista. Dentre os órgãos internacionais que defendem a técnica, encontramos a OIA – Osteopathic Internacional Alliance; FORE – Fórum for Osteopathic Regulation in Europe; e EFO – European Federation of Ostepathics.

Como profissionais que se destacam na prática da Osteopatia são vários os Fisioterapeutas atuantes na área, destacando-se vários profissionais, como Ícaro Badenes do Rio de Janeiro, Wagner Moreira em São João del Rei-MG, Fernando Fernandes em Goiânia-GO, Marcelo Massahud Júnior em Uberlândia e Pouso Alegre-MG, Eugênia Almeida em Porto Alegre -RS, Heide Silva em Salvador -BA, entre outros. Em São Paulo, entre os fisioterapeutas em evidência, cita-se Bruno Cabral de São Paulo, Maíra Oshiro e Leonardo Nascimento.

Profissionais Médicos atuantes em práticas osteopáticas contribuem de forma significante, em um espectro terapêutico amplo, especialmente nas especialidades médicas Fisiatria, Ortopedia e Medicina Esportiva. Pode-se citar alguns profissionais renomados, como a Dra. Mirella Cintra Gonçalves, que trabalha na clínica especializada “Osteopatia São Paulo”. No exterior, o médico Dr. Renato Martinelli é Osteopata, Fisiatra e Cirurgião atuante na Itália, sendo reconhecido mundialmente. Em Londres, Melinda e Andrew Cotton são osteopatas por formação e são responsáveis pela maior clínica privada, com destaque nacional.  Nos Estados Unidos, a Prof. Dra. Carol A. Brenner é pesquisadora na University of New England College Osteopathic Medicine, onde conduz pesquisas sobre Osteopatia em aplicações diversas, principalmente biologia reprodutiva.  Ela iniciou duas novas escolas em Osteopatia, a VCOM Carolina do Sul e Instituto de Tecnologia de Nova York (Brenner, 2020). Ainda no Estados Unidos, o Prof. Frank Willard, Ph.D, professor de Anatomia em New England College of Osteopathic Medicine, é reconhecido internacionalmente pela contribuição ao campo de ensino e pesquisa em Osteopatia, com livros publicados e pesquisas científicas variadas, principalmente relacionadas ao sistema auditivo (Reinolds et al., 2020).


Você é médico e acredita na força da medicina integrativa?

Associe-se à SBMI e fortaleça sua atuação com reconhecimento, rede qualificada e acesso às diretrizes oficiais da medicina integrativa no Brasil.

A SBMI é uma associação exclusiva para médicos com registro ativo no CRM. Se você compartilha da visão integrativa da saúde, essa é a sua comunidade profissional.