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Quiropraxia

A quiropraxia é a ciência que busca compreender a causa da doença e a arte do ajuste musculo- esquelético realizado com as mãos, buscando corrigir as interferências neurais provocadas pelas “subluxações” (Neves, 2006). Atende-se ao princípio do “complexo de subluxação”, um bloqueio do fluxo neuronal causado por um pequeno desalinhamento articular, causando compensações musculares, ligamentares, articulares e dolorosas. Quando esse bloqueio é liberado pelo ajuste quiropráxico, o corpo consegue se curar por ter reestabelecido as condições adequadas para tal (princípio da energia inata) (Neves, 2006).

Nas últimas décadas, a eficácia clínica do tratamento com quiropraxia para o tratamento de diversas afecções musculoesqueléticas vem sendo demonstrada. Além disso, o tratamento apresenta-se como uma opção segura, minimizando eventos adversos (Gouveia Castanho, Ferreira, 2009).

Os pacientes buscam atendimento quiroprático principalmente em função de dores musculoesqueléticas, destacando-se algias vertebrais, além de lombalgia, condição cervicalgias e cefaleias (Bracher, Benedicto, Facchinato, 2013). A Quiropraxia também vem sendo utilizada para tratamento de melhora da dor no pescoço, pontos-gatilho no ombro e pescoço e lesões esportivas. Nos casos de asma, cólica infantil, transtorno do espectro do autismo, problemas gastrointestinais, fibromialgia, dor nas costas e síndrome do túnel do carpo ainda carece de evidências para comprovação de eficácia (Salehi et al., 2015). O tratamento quiroprático com uma diagnose assertiva, apresenta uma resolubilidade e satisfação de 80% nos pacientes atendidos. (Bracher, Benedicto, Facchinato, 2013).

O codificador da quiropraxia foi o autodidata Daniel David Palmer, em Davenport nos EUA em 18 de setembro de 1895, que ao avaliar um servente do edifício que trabalhava, o qual apresentava deficiência auditiva, observou uma leve alteração no alinhamento da sua coluna e com um movimento preciso sobre a vértebra produziu um forte estalo, seguido do relato de melhora da sua audição (Johnson, 2020).

Palmer fundou a Palmer College of Chiropractic, referência máxima na Quiropraxia até o presente. A prática foi ganhando espaço nos EUA e ganhando visibilidade com o trabalho de Bartlett Joshua (B.J.), filho de Palmer, expandindo-se para outros países (Neves, 2006).

A Quiropraxia é regulamentada como uma profissão independente em diversos países e é aplicada em sistemas públicos de saúde em 16 países como Dinamarca, Suíça, Canadá e EUA (Bracher, Benedicto, Facchinato, 2013). Está presente em 90 países, com estimativa de que existam cerca de 450.000 profissionais (Stochkendahl et al., 2019).

 A Federação Mundial de Quiropraxia (World Federation of Chiropractic – WFC) congrega noventa associações nacionais e representa a profissão junto a órgãos internacionais, como Organização Mundial da Saúde (OMS) (Bracher, Benedicto, Facchinato, 2013). A IFCO (International Federation of Chiropractors and Organizations) é uma organização internacional de quiropráticos, estudantes e outros que apoiam a prática da quiropraxia, com o objetivo de promover e proteger a quiropraxia, auxiliar os quiropráticos de qualquer forma legal que seja prática, e facilitar o acesso público e o conhecimento dos serviços de quiropraxia, que congrega organizações de vários países, entre elas, a Sociedade Brasileira de Quiropraxia. Na Europa, The European Chiropractor’s Union, Royal College of Chiropractors no Reino Unido e European Chyropratic Academy são instituições que se destacam na defesa e formação de profissionais, respectivamente.

Em 1964, chegou ao Brasil por intermédio de Mateus de Souza que desenvolve a metodologia de diagnose e sequências de manobras chamada de “Protocolo Básico”, sendo posteriormente regulamentada como especialidade da Fisioterapia. As associações AFQ (Associação de Fisioterapeutas Quiropraxistas), ANAFIQ (Associação Nacional de Fisioterapia em Quiropraxia) e SBQUIRO (Sociedade Brasileira de Quiropraxia) tratam da especialidade em Quiropraxia dentro da Fisioterapia.

No Brasil, a Quiropraxia é uma profissão relativamente nova, com dois cursos de graduação oferecidos em instituições universitárias, e mais de 700 profissionais atuantes (Bracher, Benedicto, Facchinato, 2013). Apesar do rápido crescimento e da formação consistente de profissionais no país, não existe ainda uma regulamentação oficial da profissão. A formação segue diretrizes clínicas que preconizam uma formação com extensa prática clínica sob supervisão. 

Em 2016, a Federação Médica Brasileira fez um alerta sobre a prática da técnica por profissionais mal preparados.  Segundo o artigo a quiropraxia não tem reconhecimento como prática médica e só deve ser executada por profissionais graduados, como os fisioterapeutas, a partir do diagnóstico médico (FMB, 2016).

Em função da prática por Fisioterapeutas, o seu exercício foi reconhecido como especialidade do Fisioterapeuta no nosso país, pela Resolução Nº. 220/2001. Em 2011, por meio da Resolução N°. 399/2011, foram estabelecidos os requisitos para obtenção do título de Especialista Profissional em Quiropraxia pelo Fisioterapeuta, além de definir o domínio de áreas de competência e disciplinas, suas atribuições e áreas de atuação.

Existem hoje duas faculdades no Brasil que oferecem o curso superior em Quiropraxia. O Centro Integrado de Saúde da Universidade Anhembi Morumbi no curso de graduação realiza atendimentos supervisionados em conjunto com estudantes de Medicina, Fisioterapia, Podologia, Naturologia, Farmácia, Nutrição, Educação Física e Enfermagem, com atendimento à população (Bracher, Benedicto, Facchinato, 2013). Se destacam os trabalhos das Professoras Dra. Camila de Carvalho Benedicto e Dra. Ana Paula Albuquerque Facchinato, coordenadoras do curso nesta universidade.

Outro curso é oferecido no Rio Grande do Sul, no Centro Universitário Feevale, com duração de cinco anos (Bracher, Benedicto, Facchinato, 2013). A Feevale possui um Laboratório Escola de Quiropraxia, oferecendo atendimento à comunidade em geral, para acadêmicos e colaboradores, além dos atendimentos de beneficiados por projetos de extensão, vinculados ao curso de Quiropraxia.

O Prof. Dr. Eduardo Sawaya Botelho Bracher é médico Fisiatra e há anos trabalha com Quiropraxia, tanto na clínica médica como na academia, com orientação de trabalhos e docência na área.

Alguns profissionais se destacam nas esferas profissionais e de pesquisa sobre Quiropraxia. É o caso de Michael Schneider, professor associado de Ciências da Saúde da Universidade de Pittsburgh. Apresenta diversas pesquisas na área, com ênfase em manejo de dores lombares. Nesta área também se destaca o Prof. Dr. Scott Haldeman, da Universidade da Califórnia, com trabalhos sobre dores lombares.  O Prof. Dr. Robert Saper e Lewis E. Kaziz, da Universidade de Boston e Prof. Dra. Christine McDonough, da Universidade de Pittsburgh, são profissionais que há anos vem pesquisando a técnica. Em trabalho recente, demonstraram que a utilização da Quiropraxia pode reduzir em até 90% o uso de opioides (Kaziz et al., 2019).

Na França, o médico Pierre Therbault é referência internacional, com três livros publicados na área e experiência de mais de 30 anos em docência e pesquisa. Doutorado em Quiropraxia pela Palmer University of Chiropratic e Diplomado pelo Board of Louisiana, Daven Port EUA. Foi dos primeiros profissionais da Europa a trabalhar com quiropraxia.

Na Europa, The European Chiropractor’s Union investe cerca de 25% de sua receita em pesquisa através do Centro Europeu de Excelência em Pesquisa em Quiropraxia, em linhas de pesquisas diversas.

Referências:

Bracher E, Benedicto C, Facchinato AP. Quiropraxia. Revista De Medicina, 92(3), 173-182, 2013.

BRASIL. Entidades de Fiscalização do Exercício das Profissões Liberais. Resolução nº 220, de 23 de maio de 2001. Dispõe sobre o reconhecimento da Quiropraxia e da Osteopatia como especialidades do profissional Fisioterapeuta e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 05 jun. 2001. Seção 1, p. 46.

BRASIL. Entidades de Fiscalização do Exercício das Profissões Liberais. Resolução nº 398, de 03 de agosto de 2011. Disciplina a Especialidade Profissional de Osteopatia e dá outras 105 providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 24 nov. 2011. Seção 1, p. 137.

FMB. Quiropraxia: conselho alerta para risco de manipulação de vertebras sem diagnóstico médico. Disponível em: https://portalfmb.org.br/2016/11/03/quiropraxia-conselho-alerta-para-risco-de-manipulacao-de-vertebras-sem-diagnostico-medico/. Acesso em: 01 mai 2022.

Gouveia LO, Castanho P, Ferreira J. Safety of Chiropractic Interventions: A Systematic Review. Spine 34(11):E405-E413, 2009.

Johnson CD. Chiropractic Day: A Historical Review of a Day Worth Celebrating. Journal of Chiropractic Humanities 27: 1-10, 2020.

Kazis LE, Ameli O, Rothendler J, et al. Observational retrospective study of the association of initial healthcare provider for new-onset low back pain with early and long-term opioid use. BMJ Open 9: e028633, 2019.

Neves SC. DD.Palmer (1845-1913) e as origens da quiropraxia no século XIX. São Paulo – SP: 2016. Dissertação (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo/ Mestrado em História da Ciência). São Paulo – SP, 2016, 77f. Disponível em: <https://sapientia.pucsp.br/bitstream/handle/19677/Selma%20Cosso%20Neves.pdf>. Acesso em: 07 nov 2021.

Salehi A, Hashemi N, Imanieh MH, Saber M. Chiropractic: Is it Efficient in Treatment of Diseases? Review of Systematic Reviews. Int J Community Based Nurs Midwifery 3(4):244-54, 2015. Stochkendahl M, Rezai M, Torres P, Sutton D, Tuchin P, Brown R, Côté P. The chiropractic workforce: a global review. Chiropr Man Therap. 27(36): 1-9, 2019.


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